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Impacto do lifestyle moderno na saúde mental

Um despertador que toca. Um piloto automático que se ativa. Um corpo que acorda à pressa. Uma mente, não raras vezes, já acelerada. Multi-tasking. Contrarrelógio.

Notificações do telemóvel. Mergulhos nas redes sociais. Inúmeras solicitações. Pouco espaço para sons de silêncio. Muito espaço para ruído (externo e interno).

 

Este é um quadro vivencial de muitas pessoas atualmente. Quando este equilíbrio não é bem gerido importa lembrar que todos os dias são uma oportunidade para parar, observar e transformar a nossa relação com tudo isto.

 

Será que o estilo de vida moderno impacta na nossa saúde mental?

 

A qualidade de vida e a saúde mental estão, seguramente, interligadas. Uma pessoa que vive em modo robótico, que não se alimenta bem, com um sono que não é suficientemente reparador, que vive refém das redes sociais, que tem dificuldade em gerir os seus pensamentos e emoções e em recuperar do stress do dia-a-dia, provavelmente vai ter a sua saúde mental afetada.

 

O estilo de vida atual pode refletir-se negativamente na saúde mental não só dos adultos como também das crianças e adolescentes. Fruto de uma mudança comportamental muito presente na sociedade atual, muitos adolescentes têm um relacionamento frequente e complexo com a tecnologia, com tendência ao seu uso crescente e desenfreado, o que pode ser fonte de ansiedade e frustração, já que as redes sociais mostram uma realidade, muitas vezes, distorcida. Esta dinâmica atual implica, muitas vezes, pessoas fisicamente presente mas emocionalmente distantes. Começando nos adultos e espelhando-se, por consequência, nas crianças e adolescentes. Os mais novos têm necessidade de atenção, conexão e de se sentirem vistos, porém numa sociedade onde as pessoas vivem de forma acelerada e mecanizada, estas necessidades podem ficar por preencher. Em alguns casos, o uso dos aparelhos móveis está relacionado a lazer e pode servir para aliviar o stress do dia-a-dia. Porém, quando esse uso gera problemas de relacionamento social/familiar ou impede as crianças de estarem conectadas com os pais, é fundamental a adoção de estratégias que evitem que a situação evolua para quadros graves e de ordem patológica.

 

O que podemos fazer para aumentar a nossa qualidade de vida e respetiva saúde mental?

 

Para ampliarmos os níveis de saúde mental precisamos de ter consciência da sua importância na nossa vida bem como adotar comportamentos que nos possibilitem manter estilos de vida que coloquem o nosso bem-estar como uma prioridade. Porém, não basta apenas desejarmos, é necessário estabelecermos um compromisso connosco que nos impulsione a ter ações congruentes com aquilo que queremos.

 

No caso de famílias com crianças e adolescentes, é fundamental um ambiente estável e equilibrado para que os possamos ajudar a construir modelos positivos e que o seu crescimento seja alicerçado por afeto, empatia e confiança. Importa que os pais saibam nutrir as várias dimensões da sua vida de forma a aumentarem a sua disponibilidade mental, para que estas crianças que estão a crescer numa sociedade acelerada possam ter espaço para ser crianças. De notar que o colo mental dos pais oferece-lhes amor e segurança, e é essencialmente isso que elas precisam para serem felizes e saudáveis.

Estratégias para potenciar a saúde mental na sociedade atual:

 

1) Colocar-se na sua hierarquia de prioridades. Priorizar-se não significa ser egoísta, pelo contrário, é um gesto de amor-próprio e vai refletir-se, saudavelmente, na relação com as pessoas que estão à sua volta.

 

2) Desenvolver rotinas consistentes alicerçadas nos seus valores e congruentes com o seu propósito. Treinar o compromisso na manutenção de hábitos diários saudáveis com foco e disciplina.

 

3) Gerir as emoções. Conseguir identificar o que o despoleta stress, ansiedade ou outros estados emocionais e ter mecanismos de auto regulação é essencial para oferecer uma boa sustentação à saúde mental.

 

4) Centrar a atenção numa tarefa de cada vez. Fazer várias tarefas, em simultâneo, requer uma divisão da atenção por parte do nosso cérebro, o que exige mais esforço mental e pode provocar maior desgaste a longo prazo. É crucial estabelecer prioridades.

 

5) Pôr o corpo em movimento. Ter uma postura ativa promove autoconfiança, melhora a autoestima e ajuda o corpo a produzir substâncias que o permitem manter um bom humor. Contribui também para libertar a ansiedade, o stress e a sensação de cansaço.

 

6) Fazer coisas que lhe dão prazer. Vale a pena ter momentos ou atividades que permitam exteriorizar e libertar a tensão. Reservar tempo para fazer coisas divertidas é uma escolha importante. Ao darmos resposta às necessidades de lazer e diversão tendemos a sentir-nos mais tranquilos e felizes.

 

7) Reconhecer quando beneficia de um pedido de ajuda. Lembrar-se que não está sozinho e está tudo bem em fazê-lo.

Helena Paixão, Revista Reiki&Yoga edição  Especial nº15, 2022

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